30/08/2023
O presidente da França, Emmanuel Macron, em reunião com embaixadores realizada nesta terça-feira, 28/08/2023, demonstrou preocupação com a expansão dos BRICS ao declarar que “a expansão dos Brics mostra a intenção de construir uma ordem mundial alternativa à atual, que é vista como ocidental demais”.
A fala do presidente francês representa o sentimento apreensivo das potências ocidentais após a expansão do grupo, liderado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. E não é para menos, na recente cúpula dos BRICS, realizada entre 22 e 24 de agosto, Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã se uniram ao bloco. Com a entrada dos novos membros, o grupo agora representa quase 40% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Além disso, diversas outras nações demonstraram interesse de ingressar nos BRICS.

Para desespero dos Estados Unidos e de seus sócios europeus, os países dos BRICS acordaram em realizar trocas comerciais em moedas nacionais, ou seja, significa a substituição do dólar. Alguns meses antes Brasil e China já haviam chegado a um acordo para negociar em suas próprias moedas, já Argentina e Bolívia também haviam anunciado que o comércio com a China seria feito através da moeda chinesa. Durante a cúpula, Lula chegou a declarar que sonha com uma “moeda comum para os BRICS” e Vladimir Putin abordou o tema da “desdolarização”, dizendo que este é um processo “irreversível” e que os países membros estão desenvolvendo mecanismos de liquidação mútua, ainda segundo Putin, “a proporção do dólar nas transações de exportação / importação dos BRICS continua diminuindo, tendo alcançado no ano passado apenas 28,7%”. A ex-presidente do Brasil e atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS anunciou que a entidade vai iniciar operações de concessões de crédito nas moedas nacionais, tal iniciativa representa uma alternativa ao FMI.
A expansão dos BRICS foi um enorme passo em direção à multipolaridade, agora com 11 membros o BRICS representa uma integração econômica entre Ásia, África e América do Sul, sem interferência das potências ocidentais. Neste ponto reside o desespero do Ocidente, o BRICS 11 a partir de janeiro de 2024 vai contar com 6 dos 10 dos maiores produtores de petróleo do mundo (antes já contava com 3) e também com a maior economia global, representada pela China.
Antes mesmo da inclusão dos novos membros, neste ano de 2023 o BRICS já havia ultrapassado o G7 (composto por Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos) em termos de PIB em paridade de poder de compra, com os BRICS contando com 31,5% do PIB global, enquanto a participação do G7 caiu para 30%. Após a entrada de Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã, os BRICS passam a representar 36% da economia global e 47% da população mundial.
Ao contar com mais três gigantes do petróleo, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Irã, o BRICS 11 torna-se instantaneamente uma potência de petróleo e gás, controlando 39% das exportações globais de petróleo, 45,9% das reservas provadas e 47,6% de todo o petróleo produzido globalmente, de acordo com o portal InfoTEK. Logo, os motivos para o pânico nos EUA e Europa são evidentes: o Ocidente poderá em breve perder o seu poder de controlar os preços globais do petróleo e, consequentemente, os meios para aplicar as suas sanções unilaterais.
Mesmo com as sanções econômicas que foram impostas pelo Ocidente contra a Rússia, a economia do país eslavo alcançou a 5ª posição no ranking mundial, superando, inclusive, tradicionais potências industriais como Alemanha, França e Reino Unido.
À medida que o conflito na Ucrânia reorganiza as cartas geopolíticas, as nações do Sul Global esperam que os BRICS possam ajudá-las a proteger sua soberania, não por acaso o bloco ainda conta com dezenas de pedidos de ingresso. Com a consolidação dos BRICS, as sanções econômicas que invariavelmente são impostas por Estados Unidos e Europa contra países considerados adversários provavelmente deixarão de surtir o efeito desejado.
Em paralelo, a Nova Rota da Seda impulsionada pela China, conta com U$ 1 trilhão em investimentos desde seu começo há dez anos, já envolve 130 países, sendo o maior projeto de infraestrutura da história da humanidade.
A grande vantagem dos BRICS para os países em desenvolvimento é que o bloco não impõe condições políticas ou ortodoxia neoliberal aos seus membros, diferentemente das organizações internacionais, que, em geral, exigem que os países sigam as regras do FMI e os ditames do Consenso de Washington, os quais há décadas mantém os países periféricos em um ciclo vicioso de subdesenvolvimento.
“Nenhuma montanha pode deter o fluxo crescente de um poderoso rio”, o Ocidente realmente tem muitos motivos para se preocupar.
André Nunes
FONTES:
Excelente artigo, o Brics veio trazer uma nova ordem mundial, por isso, os países que mandavam na "velha ordem" estão com medo de perder a sua hegemonia e sobretudo o poder de decidir o futuro da humanidade, mas não sejamos ingênuos, eles irão usar todos os tipos de artifícios para tentar sabotar os BRICS.
ResponderExcluirSim, vão tentar sabotar, cabe aos países emergentes do BRICS manter alerta constante. Vejo como um movimento difícil de ser impedido pelo Ocidente, vamos em frente!
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