Níger, Mali, Burquina Faso… África estreita relação com a Rússia e entra em rota de colisão contra o Ocidente

Um levante na África

Movimentos anti-imperialistas irrompem na África após cúpula na Rússia

Recentemente foi celebrada em São Petersburgo a cúpula Rússia-África, onde compareceram presidentes e / ou delegações de 43 dos 54 países africanos, ou seja, 80% do continente estava representado na reunião com Vladimir Putin.



O presidente Putin aproveitou o evento para anunciar que a Rússia vai perdoar U$23 bilhões de dólares em dívidas das nações africanas. 

Nas últimas semanas o Ocidente engendrou uma forte campanha midiática, a fim de colocar a opinião pública mundial contra a Rússia, devido à decisão do governo russo de se retirar do Acordo de Grãos, o fim do acordo significa o bloqueio da passagem de grãos ucranianos pelo Mar Negro.

Um golpe contra a segurança alimentar mundial?

Muitas vezes o discurso midiático ocidental tem um aroma de hipocrisia. Segundo dados divulgados pelo próprio Banco Mundial e pela ONU, quase 81% das exportações de grãos ucranianos neste ano se destinaram a países considerados de alta a média renda e apenas 2,5% para os países mais pobres do mundo.

Os meios de comunicação insistiram que o fim do acordo de grãos seria um ato de crueldade da Rússia, pois, afetaria os países da África. No entanto, os cinco países que mais receberam grãos desde julho de 2022 foram: China, Espanha, Turquia, Itália e Holanda. Com esses dados podemos tirar nossas próprias conclusões.


Voltando a cúpula Rússia-África, Putin enterrou a retórica demagoga dos Estados Unidos e da Europa ao anunciar que a Rússia vai enviar algo entre 25 e 50 mil toneladas de grãos gratuitamente aos países africanos que mais necessitam, entre eles Zimbábue, Mali, Burkina Faso, Somália, Eritreia e República Centro-Africana.

Também foi anunciado a assinatura de acordos de cooperação militar com mais de 40 países da África. Por conta do apoio militar russo alguns países africanos decidiram romper suas alianças com a França, que conta com um extenso histórico de colonização no continente.

As reações na África

No Níger, poucos dias antes da cúpula Rússia-África, houve um Golpe de Estado que derrubou o governo pró-ocidental e aliado da França. A junta que passou a governar o país proibiu, com efeitos imediatos, a exportação de urânio para a França. Mais de 50% do minério de urânio extraído do Níger é usado para abastecer usinas nucleares francesas e 24% das importações de urânio da UE são oriundas do Níger. Milhares de pessoas saíram às ruas com bandeiras da Rússia nas mãos e queimando bandeiras francesas. (Geopolítica na Rede)

Ibrahim Traoré, um jovem oficial militar de 35 anos e líder do governo de transição de Burkina Faso, fez um excelente discurso anti-imperialista durante a cúpula Rússia-África.

"Temos lutado contra a forma mais bárbara e cruel de colonialismo e imperialismo, estão nos impondo uma forma moderna de escravidão”, declarou.

Ao concluir seu discurso, o novo chefe de estado de Burkina Faso relembrou Fidel Castro… Pátria ou Morte.

Surge um novo Thomas Sankara? ✊ 

Assista ao vídeo resumo de 7 minutos sobre o tema:


André Nunes
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