Artigos do Wikipédia são editados pela CIA e contas do Twitter censuradas pelo FBI

06/08/2023

 Por André Nunes,

Com informações de geopol.pt e misionverdad.com

A Wikipédia é um dos sites mais utilizados como ferramenta de pesquisa por usuários na internet em todo mundo. Fundado em 2001, o website se autodenomina um “projeto de enciclopédia multilíngue de licença livre”. Possui um vasto acervo que conta com biografias, informações históricas, geográficas, políticas, etc.

Entretanto, segundo um de seus próprios fundadores, o filósofo Larry Sanger, a enciclopédia online também é uma das muitas ferramentas utilizadas pelo establishment liberal norte-americano e pelos seus aliados na comunidade dos serviços secretos para fazer “guerra de informação”. O dr. Sanger deixou o projeto Wikipedia em 2002 e desde então tornou-se crítico do mesmo.

No podcast System Updat de Glenn Greenwald, o dr. Larry Sanger lamentou a forma como o site que ajudou a fundar se tornou um instrumento de controle nas mãos do establishment liberal, entre os quais conta com a CIA, o FBI e outras agências de informação dos Estados Unidos.

Quanto a ação da CIA e demais agências do governo estadunidense, precisamos frisar que qualquer internauta pode editar uma página do Wikipedia (basta criar um usuário), supostamente a edição será posteriormente revisada. Dentro desse contexto Sanger afirmou que as evidências apontam que em 2008 (pelo menos), os computadores da CIA e do FBI eram utilizados para editar a Wikipédia e acrescentou: Acham que deixaram de o fazer nessa altura?

A atividade da CIA e do FBI na Wikipédia foi tornada pública pela primeira vez em 2007 pelo programador  Virgil Griffith. Griffith desenvolveu um programa chamado WikiScanner que podia rastrear a localização dos computadores usados para editar artigos da Wikipédia e descobriu que a CIA, o FBI e uma série de grandes empresas e agências governamentais estavam a limpar a enciclopédia online de informações incriminatórias ou críticas às agências e ao establishment estadunidense.

Os computadores da CIA foram utilizados para remover o número de baixas da Guerra do Iraque, enquanto uma máquina do FBI foi utilizada para remover imagens aéreas e de satélite da prisão americana de Guantánamo, onde os militares norte-americanos praticam tortura. Os computadores da CIA também conseguiram editar centenas de artigos, incluindo páginas sobre o então presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, o programa nuclear da China e até mesmo sobre a marinha da Argentina.

Algumas edições foram mais mesquinhas, com o antigo chefe da CIA, William Colby, aparentemente a editar a sua própria página Wiki para aumentar a sua lista de realizações.

“As agências de inteligência pagam às pessoas mais influentes para que elas promovam suas agendas, com as quais já estão mais alinhadas, ou simplesmente desenvolvem seus próprios talentos dentro da comunidade [de inteligência], aprendem o jogo da Wikipédia e depois promovem o que querem dizer com seu próprio pessoal”, disse Sanger no podcast de Greenwald, acrescentando que grande parte da inteligência e da guerra de informação é conduzida online, em sites como a Wikipédia.


                                   


No início deste ano, o proprietário do X (antigo Twitter), Elon Musk, divulgou uma série de documentos que mostram como os antigos executivos da plataforma conspiraram com o FBI para remover conteúdo que a agência queria ocultar, ajudaram as campanhas de influência online dos militares dos EUA e censuraram conteúdos críticos ao regime ucraniano em nome de várias agências de inteligência dos EUA.

Uma matéria do jornalista canadense Aaron Maté, revelou que o FBI colaborou com o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) para censurar usuários nas redes sociais e obter suas informações pessoais. Segundo e-mails vazados do FBI, em março de 2022, apenas 1 mês após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, um agente enviou ao Twitter uma lista com 163 usuários que seriam “suspeitos de difundir o medo”, ou seja, jornalistas e influenciadores que questionavam a narrativa ocidental pró Ucrânia. Em um memorando adjunto o Serviço de Segurança da Ucrânia solicitou ao Twitter eliminasse as contas e entregasse os dados dos usuários à inteligência ucraniana. Poucos meses depois, 54 usuários que constavam da lista já estavam com as contas suspensas ou simplesmente canceladas. Esse caso fez parte do escândalo sobre censura e cancelamento nas redes sociais que ficou conhecido como Twitter Files.


Recentemente, no continente africano, um Golpe de Estado depôs o governo pró-ocidental de Mohamed Bazoum no Níger. Ex-colônia francesa, este país tem sido sistematicamente explorado pela França. Há décadas o grupo estatal francês Areva explora o urânio do Níger. Um dos motivos da revolta e deposição do governo de Bazoum foi exatamente a submissão aos interesses da França em detrimento de seu próprio país. O governo instaurado pela Junta Militar, após notar a forte campanha da mídia ocidental pela deposição da Junta e restituição do ex-presidente aliado da França, cortou o sinal da emissora France 24 e da RFI – Rádio France Internacional. Imediatamente os meios de comunicação ocidentais saíram a declarar que este seria um ato de censura e contra a “liberdade de informação”, entretanto, apenas 1 ano antes, toda mídia russa foi simplesmente proibida e banida da Europa, não somente os grandes meios como RT e Sputnik, até mesmo os canais e redes sociais de jornalistas russos foram censurados e todos os meios ocidentais declaram que estes seriam atos de “libertação da propaganda russa”. Um peso, duas medidas!

Atualmente até mesmo a Censura foi privatizada, os censores do Estado Liberal-Burguês são os grandes conglomerados dos meios de comunicação e também as redes sociais.

E os ativistas, escritores ou jornalistas, que, como Julian Assange, ousam denunciar a interferência direta dos Estados Unidos nas mídias, assim como a intervenção imperialista desse país em diversas nações, são imediatamente perseguidos e colocados atrás das grades.


André Nunes

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Fontes

https://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u320646.shtml

https://www.bbc.com/portuguese/reporterbbc/story/2007/08/printable/070815_wikipedia_editadarg

https://misionverdad.com/fbi-ayuda-ucrania-en-el-espionaje-y-censura-de-usuarios-de-twitter

https://mate.substack.com/p/fbi-helps-ukraine-censor-twitter

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