O fósforo branco é um produto químico que reage espontaneamente quando exposto ao oxigênio. Emite uma densa nuvem de fumaça branca que pode causar queimaduras profundas e dolorosas. Se uma pessoa for atingida, pode queimar até o oxigênio extinguir-se do corpo. O Napalm utilizado pelos EUA durante a guerra do Vietnã é um conjunto de líquidos inflamáveis a base de alumínio, enquanto a bomba de fósforo branco queima e corrói apenas com contato com o oxigênio. O uso do fósforo branco contra civis ou forças inimigas em áreas civis é proibido pelo 3.º Protocolo da Convenção sobre Armas Convencionais da ONU.
As queimaduras causadas pelo fósforo branco podem atingir e penetrar os ossos, além disso, a substância pode continuar a queimar dentro do corpo após a exposição. Se os restos da substância não forem completamente removidos, eles podem começar a queimar novamente quando expostos ao oxigênio após o tratamento. O produto químico também pode entrar na corrente sanguínea caso permaneça em contato prolongado com a carne, envenenando órgãos como os rins, fígado, coração e possivelmente causando falência múltipla de órgãos.
Em 2003 o governo dos Estados Unidos justificou a invasão do Iraque como meio de eliminar as supostas armas químicas, biológicas e nucleares de Saddam Hussein, que, posteriormente, nunca foram encontradas.
Durante os dois primeiros anos da Guerra do Iraque as autoridades norte-americanas negavam insistentemente ter usado fósforo branco contra seres humanos. Porém, em 2005, depois que a TV italiana RAI exibiu o documentário "Fallujah, o massacre encoberto", do diretor Sigfrido Ranucci, sustentando que o produto havia sido lançado durante a ofensiva americana em Faluja, o Departamento de Defesa dos EUA admitiu que, de fato, bombardeou a cidade em 2004 com esse material. A época o porta-voz do Pentágono, Bryan Whitman, declarou que o material era utilizado como "qualquer outra arma convencional", ao negar o uso do artefato contra civis, além da desculpa absurda de que fora utilizado apenas para "iluminar as áreas ocupadas por rebeldes", entretanto, abundam as evidências sobre o uso em áreas não militares. Uma das testemunhas presentes no documentário da RAI, o ex-marine Jeff Englehart, afirmou ter visto corpos carbonizados de mulheres e crianças.
"Corpos queimados, mulheres queimadas, crianças queimadas. O fósforo branco mata indiscriminadamente... Quando entra em contato com a pele, então é um dano absolutamente irreversível, queimando a carne até o osso"
O biólogo iraquiano Mohamed Tariq al-Deraji, diretor do Centro de Estudos para os Direitos Humanos de Faluja, exibiu vídeos e fotos de cadáveres com a pele queimada e a roupa intacta, como acontece nos casos de exposição ao fósforo branco. Durante a invasão e ocupação do Iraque, o governo dos Estados Unidos e suas agências de inteligência tentaram de maneira sistemática destruir as imagens que provariam o uso de fósforo branco contra civis em Falluja.
Em um artigo publicado pela revista Artilharia de Campo do Exército Americano, na edição de março/abril de 2005, militares estadunidenses assumem que o Fósforo Branco (em inglês, white phosphor ou WP) não foi usado apenas para iluminar o campo de batalha e fornecer fumaça para camuflar os soldados. O texto, escrito por um capitão, um primeiro tenente e um sargento, era uma análise do ataque em Falluja, em novembro de 2004, e em particular do uso de fogo indireto, principalmente morteiros. O artigo deixa claro que o WP foi usado como arma não apenas como iluminação ou camuflagem, os militares também afirmam que sua unidade "encontrou alguns civis em seus ataques ao sul".
"O WP provou ser uma munição eficaz e versátil. Usamos em operações de reconhecimento e, depois durante a luta, como uma potente arma psicológica contra insurgentes nas trincheiras e buracos onde não conseguíamos efeitos com explosivos...".
O Jornalista, Darrin Mortenson, do jornal North County Times, da Califórnia, que estava junto com fuzileiros norte-americanos na operação em 2004, escreveu sobre uma unidade de morteiros recebendo coordenadas de um alvo e abrindo fogo, confirmando que o Fósforo Branco nunca foi utilizado somente para desalojar as forças inimigas de suas posições.
Alguns nos mais tarde, entre 2007 e 2010, centenas de crianças nasceram com deficiências no país. "As armas utilizadas no confronto no Iraque destruíram a integridade genética da população iraquiana", afirmou na ocasião Cristopher Busby, o secretário do comitê europeu de Riscos de Material Radioativo.
No Afeganistão também foram confirmadas utilizações da arma química pelo Exército norte-americano em 2009, com lesões documentadas em populações civis. Mais de 13 anos após o início da guerra, os Estados Unidos ainda utilizavam o WP no Iraque, uma foto sacada pelo coronel Daniel Johnston em 14/08/2016, que acabou sendo divulgada pelo Pentágono, revela soldados executado um bombardeio de artilharia no Norte do Iraque onde é possível visualizar as munições de fósforo branco.
André Nunes
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Fontes:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/313264/noticia.htm?sequence=1&isAllowed=y
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/story/2005/11/printable/051108_iraqrairw
https://www.bbc.com/portuguese/reporterbbc/story/2005/11/051116_phosphorusfn
https://www.abrilabril.pt/internacional/eua-utilizam-armas-quimicas-no-iraque
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