Por que a contraofensiva ucraniana fracassou?

 24/07/2023

O que a grande mídia brasileira, mero sinal repetidor do establishment atlantista, alardeou como contraofensiva ucraniana poderia muito bem se chamar contra inofensiva. A Ucrânia continua esgotando suas provisões de projéteis de artilharia e defesa aérea, milhares de soldados foram enviados para morte certa servindo como bucha de canhão para a OTAN.

Obviamente a contenda deflagrada no leste da Europa não envolve apenas Rússia e Ucrânia, se trata de um conflito entre a Rússia e as principais potências ocidentais, reunidas na OTAN, e lideradas pelos Estados Unidos secundados por Reino Unido, França e Alemanha. Estamos diante de uma guerra por procuração! Desde o começo da guerra o Ocidente já forneceu mais de U$ 160 bilhões em armas e suporte financeiro para Ucrânia.


    
Vladimir Putin, presidente da Rússia

periódico estadunidense The Wall Street Journal publicou um artigo intitulado Ukraine’s Lack of Weaponry and Training Risks Stalemate in Fight With Russia, ou, em português, A falta de armamento e treinamento da Ucrânia cria um impasse na luta com a Rússia. O impasse citado no título se resumiria em um custo muito alto de vidas e material bélico, além da estagnação, ou seja, não há avanço significativo apesar de todos os esforços.

Segundo as informações do WSJ, os países ocidentais sabiam que Kiev não possuía o aparato militar e as condições necessárias para uma ofensiva bem-sucedida, as tropas não receberam treinamento adequado, faltava desde projéteis até aviões de combate, mas a propaganda de guerra ocidental simulava acreditar na fábula de que a criatividade e a coragem dos ucranianos prevaleceria, porém, isso obviamente não ocorreu.

O Departamento de Estado norte-americano já admite que não há previsão de qualquer avanço em larga escala das forças ucranianas, os oficiais do Pentágono sabem que as perspectivas são preocupantes e que o conflito deve se arrastar por um longo período, situação que vai demandar mais suprimentos de armas modernas e veículos de combate, em um momento no qual o Ocidente não tem estoques suficientes. A falta de sucesso na contraofensiva levou a tensões entre o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, e autoridades dos EUA na recente Cúpula da OTAN realizada na Lituânia.

Os motivos para o fracasso da tão aclamada contraofensiva são inúmeros, entretanto, os mais comentados são a superioridade aérea russa e as linhas de defesa protegidas por campos minados.

Para o chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, general Mark Milley, muitas baixas sofridas pela Ucrânia em sua contraofensiva se devem aos campos minados: “São campos minados que são cobertos com fogo direto por equipes de caças antitanques”.

Ucrânia já não conta com material humano suficiente, a população nunca aderiu totalmente a uma ideia de guerra total contra a Rússia, antes do início da operação russa, durante 8 anos, os governos ucranianos que se sucederam no poder bombardearam e aniquilaram civis no leste do país, em regiões como Donetsk e Lughansk, que exigiam autonomia após o Golpe de Estado que derrubou o presidente Viktor Yanukovytch. A utilização de mercenários nas fileiras ucranianas se tornou algo corriqueiro.

Rhys Byrne, um mercenário irlandês que serve às forças de Kiev, em entrevista à mídia britânica Sky News, descreveu a tentativa de avanço ucraniana como um “horror” e um “caos” com unidades operando sem cobertura e sofrendo pesadas baixas. Nas palavras de Byrne, "na linha zero, é um horror. É um horror... É um massacre... Há mortos por todas as partes... O maior problema que enfrentamos quando entramos nas trincheiras é passar por cima de todos os cadáveres que já estão lá das pessoas ingressaram antes."

O mercenário ainda afirmou que na sua unidade havia 40 homens, entre os quais ucranianos, estadunidenses e britânicos, mas não contava com nenhum tipo de cobertura aérea e que durante a batalha um par de tanques simplesmente abandonou suas posições.

Essas afirmações vão de encontro à matéria do The Wall Street Journal que expõe a expectativa da Ucrânia em encontrar brechas nas fortificações russas, mas, em vez disso, "campos minados inesperadamente densos retardaram o ataque inicial das forças de Kiev [...] deixando-as desprotegidas frente aos ataques de aeronaves russas". Além disso, o artigo salienta que os UAVs (veículos aéreos não tripulados) e helicópteros de ataque russos, em particular o Kamov Ka-52 Alligator, “provaram ser especialmente perigosos”. Os mísseis Vijr, por sua vez, têm um alcance de cerca de oito quilômetros, "que é mais que o dobro do alcance de qualquer míssil antiaéreo portátil disponível na Ucrânia".

Uma avaliação confidencial do Pentágono no mês de fevereiro, supostamente vazada pelo aviador da Guarda Aérea Nacional Jack Teixeira, também citou o risco de "falha em impedir a superioridade aérea russa".

O que restou à Ucrânia foi uma pequena frota de aviões e helicópteros de fabricação soviética, o presidente ucraniano,Volodymyr Zelenskypassou a exigir do Ocidente, além dos bilhões de dólares que recebeu, aviões F-16, o que ainda não foi autorizado pelo governo dos Estados Unidos, provavelmente pela preocupação com seu próprio estoque de caças e dificuldades para reposição. A insistência de Zelenksky chegou a provocar a reação do secretário de Defesa britânico, Ben Wallace durante a cúpula anual da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em 12/07, que declarou “nós não somos a Amazon”.

Cada "reconquista" por parte das forças ucranianas anunciada apressadamente pela mídia ocidental muitas vezes resultava em tragédia, com os russos permitindo o avanço ucraniano, cedendo posições de maneira proposital, para depois, com fogo aéreo, empurrar o inimigo em direção ao atoleiro de campos minados. A armadilha demonstrou ser fatal.

Segundo Scott Ritter, ex-oficial da inteligência dos fuzileiros navais dos EUA e ex-inspetor de armas das Nações Unidas, a Rússia se comporta desta maneira nos conflitos bélicos desde a década de 80, quando o Ministério da Defesa da então União Soviética abandonou a estratégia conhecida como “lutar até a morte” e passou a utilizar estratégias mais cautelosas para adaptar suas táticas e operações à realidade dos campos de batalha modernos.

A contraofensiva ucraniana nas direções ao sul de Donetsk, Zaporozhye e Artiomovsk começou em 4 de junho, e as tropas ucranianas tentaram concentrar seu golpe principal na área de Zaporozhye, porém os objetivos não foram alcançados e o exército ucraniano sofreu perdas catastróficas.

Ao prever o fracasso da iniciativa ucraniana os Estados Unidos anunciaram o fornecimento de bombas de fragmentação e as forças da Ucrânia intensificaram seus atos de terrorismo, plantando bombas em alvos civis ou atacando pontes na Rússia com o auxílio de drones. Nada que vá mudar o curso dos acontecimentos, no entanto transparece que o desespero já tomou conta do lado ucraniano.


André Nunes

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Fontes:

https://www.wsj.com/articles/ukraines-lack-of-weaponry-and-training-risks-stalemate-in-fight-with-russia-f51ecf9?mod=hp_lead_pos1

https://actualidad.rt.com/actualidad/474151-occidente-saber-ucrania-armas-contraofensiva

https://sputniknews.lat/20230721/ucrania-estaba-predestinada-a-ser-derrotada-durante-la-contraofensiva-1141764612.html

https://sputniknews.lat/20230712/es-una-masacre-un-mercenario-revela-escalofriantes-detalles-sobre-la-contraofensiva-ucraniana-1141470334.html

https://www.folhape.com.br/noticias/entenda-as-garantias-de-seguranca-oferecidas-a-ucrania-pelo-g7-ao-fim/280275/

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