Primeiras impressões sobre a vida em Portugal


Primeiras impressões sobre a vida em Portugal: não é um mar de rosas como muitos imaginam. As coisas aqui não são baratas (apenas menos caras que nos grandes centros da Europa como Alemanha ou França), a habitação, inclusive, é bastante cara. 


Brasileiros em manifestação contra xenofobia (Foto: Sputnik)


Há brasileiros por todos os cantos, a estatísticas oficiais apontam mais de 250 mil, entretanto, nessa conta não contam os ilegais, os que não solicitaram NIF ou manifestação de interesse. Com certeza a quantidade real é bem maior.


Os milhares de brasileiros, na maioria das vezes, disputam subempregos, estão nos serviços de limpeza, cozinha, construção, e muitas vezes são empregados ilegais, trabalham sem contrato. 


Há 3 níveis de exigência para um contrato formal pelo que pude observar: há empresas que oferecem contrato para quem possui somente o NIF (número de identificação fiscal, documento mais simples de conseguir), geralmente bares, restaurantes, indústria e construção contratam apenas com o NIF. Os outros empregos já exigem ao menos a Manifestação de Interesse e para as grandes empresas é necessário possuir a autorização de residência. Ou seja, não é chegar e se dar bem, esqueçam isso!


No meu caso particular: o mestrado é bastante puxado e os horários das aulas são meio bizarros para os padrões brasileiros, dos 3 dias da semana em que tenho aula, em 2 as aulas vão até meia-noite. No sábado as aulas começam 8:30 da manhã e terminam 13:00. É bastante cansativo, tendo em conta que na sexta-feira tenho aula até 22:30. Este primeiro semestre vai ser o divisor de águas para saber se fico nesse mestrado.


Quanto à trabalho, o fato de possuir nacionalidade portuguesa me permitiu conseguir trabalho part-time em uma grande empresa ainda nas primeiras semanas, eu já possuía os documentos e por isso podia me candidatar a qualquer vaga. Não aconselho ninguém que não tenha a nacionalidade a vir para cá, a não ser que seja um profissional especializado. Há bastante preconceito em relação ao sotaque nos ambientes de trabalho, a ignorância reina e as vezes ouvimos dos portugueses que nós falamos "brasileiro", a melhor maneira de combater a ignorância é jogar luz nas trevas, explicar que "brasileira" é nacionalidade, o idioma é um só, o português, seja de Angola, Brasil, Moçambique, Cabo Verde, Guiné ou Portugal. 


Voltando ao assunto da moradia, citada no primeiro parágrafo, é extremamente cara (para quem converte em real), até mesmo em cidades médias, como Viseu. Até agora não conheci ninguém que more sozinho em um apartamento, o preço dos aluguéis é proibitivo, todos os estudantes dividem apartamento e a maioria dos trabalhadores também.


A única vantagem observada foi a segurança e tranquilidade de poder andar sem preocupações até mesmo de madrugada. Pelo menos em Viseu, já nos grandes centros como Porto e Lisboa só estive de férias em anos anteriores e não poderia comentar sobre o nível de segurança com propriedade.


Resumindo, pode ser uma boa para quem tenha a nacionalidade ou possua visto de trabalho, fora isso é um lugar como outro qualquer, com dificuldades semelhantes ao Brasil em relação ao custo de vida.


André Nunes

04/2023


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