Sim, nós falamos PORTUGUÊS! E continuaremos falando...

A língua portuguesa está cercada de inimigos por todas as partes. Parte dos inimigos do nosso idioma é oriunda da dita intelectualidade brasileira.



Um bizarro conluio de linguistas, professores e escritores, defendem que o português brasileiro deve ser separado do português europeu. Trocando em miúdos: querem que o português BR seja considerado uma língua distinta do português de Portugal e dos outros países lusófonos.

As supostas justificativas para tamanha sandice são diversas, uma das afirmações mais comuns é que o português BR foi muito influenciado, ao longo dos séculos, por idiomas indígenas e de matrizes africanas (Ora, e o português dos países africanos lusófonos não passaram por semelhante processo?) e muitas palavras do português BR são diferentes do português europeu. Tal influência realmente incorporou milhares de palavras ao nosso idioma, porém enriquecer um idioma não modifica fundamentalmente seu léxico. Alguns séculos antes da chegada dos portugueses ao Novo Mundo, o idioma luso, assim como seu irmão castelhano, já havia recebido influência da língua árabe durante a ocupação moura da Península Ibérica. Contudo, em pleno século XXI, cerca de 80% do léxico português (seja BR ou não) continua sendo de origem latina, ou seja, para desespero dos inimigos da latinidade o latim sempre será a base do nosso idioma.

Outra patetice advogada pelos inimigos da unidade linguísticas dos países lusófonos é que, segundo eles, no Brasil nós temos expressões distintas, formas de escrever e falar diferenciada dos outros países. Para desmontar este argumento banal não é necessário muito esforço, basta olhar para dentro do próprio Brasil e de nossas diferenças de sotaque e maneiras de se expressar que variam de estado para estado e até mesmo entre cidades de um mesmo estado brasileiro, em um país de proporções continentais.

No Rio de Janeiro as placas de trânsito informam “mantenha-se à direita”, enquanto em Brasília se pode ler “conserve-se à direita”. Algum brasileiro alfabetizado teria dificuldade de compreender que a mensagem é a mesma ainda que escrita de maneira diferente? Quando alguém quer comprar uma única unidade de cigarro em São Paulo pedem um “cigarro solto”, no Rio pedem um “cigarro a varejo” e em outras partes do país dizem “cigarro avulso”, qualquer das formas é compreensível para os fumantes lusófonos. Será que em breve um grupelho pseudointelectual também vai clamar pela separação do português de determinados estados do Brasil? Não se pode subestimar a vontade dessa gente de segregar e criar diferenças entre povos semelhantes a qualquer custo.

Em resumo, as maneiras de escrever e se expressar nunca serão completamente uniformes. O latim já se apresentava de diversas maneiras, com a norma culta, o sermo urbanus também conhecido como sermo quotidianus, convivendo com o popular sermo rusticus / plebeius. O latim formal e o latim vulgar convivam em harmonia e as pessoas das mais distantes províncias romanas poderiam se entender perfeitamente. Assim como em seus idiomas herdeiros, em português um brasileiro pode conversar normalmente com um cidadão de Portugal, Angola ou Moçambique.

O Brasil, ao contrário dos que pretendem os inimigos da integração lusófona, deve retomar sua responsabilidade como maior país lusófono do mundo, deve tomar para si a honra de ser o promotor da lusofonia, o papel de liderança do Brasil é imprescindível para que o nosso idioma seja uma das molas propulsoras de integração do mundo lusófono.

A quem servem os que propõe a segregação do português brasileiro? Ao povo brasileiro já não é permitido saber que o português é o 5° idioma mais falado no mundo, superando inclusive o francês. Não nos permitem conhecer a grandeza e importância do nosso próprio idioma. E por que? Qual os interesses ocultos em nos segregar dos outros povos lusófonos? 

Observem que essa discussão sobre separação de idioma por pequenas diferenças de linguagem simplesmente não existe nos países de língua inglesa ou no mundo hispânico, é simplesmente inconcebível. Nenhum pilantra tem coragem de propor separar o inglês britânico do inglês jamaicano ou canadense, assim como nem mesmo o escritor mais mal intencionado tem a audácia de propor separar o espanhol europeu (Espanha) do espanhol dominicano ou argentino.

O português e o espanhol no século XXI tem a missão de serem as alternativas neolatinas ao inglês. O idioma é historicamente uma das maneiras mais eficazes de colonização dos povos de dominação das mentes. Nos impuseram que o inglês, idioma do imperialismo, deve ser a língua franca da humanidade, massacram nossas mentes, desde a infância, com essa “verdade absoluta”. 

Os que desejam segregar o português brasileiro da língua portuguesa em geral estão servindo à interesses espúrios, intencionalmente ou não. São mal intencionados ou ingênuos?

André Nunes

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Comentários

  1. Isso é coisa de quem não tem o que fazer. Não entendem que quanto maior for a diversidade, maior será a riqueza linguística.

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