MORO VERSUS BOLSONARO


Por Vivaldo Barbosa
RJ, 25/04/2020

A direita e o conservadorismo, em ações vitoriosas nos últimos tempos, construíram um herói e elegeram um presidente. O herói começou a ser desconstruído na revelação dos diálogos com procuradores e outros que mostraram a forma com que ele fazia seus processos criminais de caráter eminentemente político e com sentenças de efeitos pirotécnicos. Tudo com linha política definida. O presidente dito mito começou a ser desfeito no exercício desastroso da presidência.




A direita e o conservadorismo que pariram esses mateus, estão com dificuldade de embalá-los, entretando, há apaixonados de um e de outro quando eles partiram para o enfrentamento entre si. É difícil defender Moro quando ele partiu para o ataque contra seu chefe sem causa justificadora. Moro poderia pedir demissão por não concordar com a substituição do Diretor da Polícia Federal e sair sem atritos, assim como fez Mandeta: foi demitido pelas discordâncias com o presidente, porém esteve presente na posse do substituto, discursou e saudou o Presidente. Mas Moro partiu para o ataque ao Presidente levantando coisas, que se comprovadas, poderão ser graves a ponto de levar à destituição deste.

Até então, como Ministro, era só lealdade, identificação nos ideais comuns que uniram ambos. E mais: as decisões judiciais de Moro ajudaram substancialmente na eleição do Presidente. Por que sair atirando e partir para o ataque? Pediu demissão pela imprensa, nem se dirigiu ao presidente, até então chefe que ajudara a eleger. Só um plano adredemente preparado pode justificar tal atitude. Plano preparado aqui, ou lá fora, onde Moro tem relações bem estreitas?

Pelo ego pessoal é de se acreditar que Moro tenha abordado Bolsonaro com vista a ir para o STF. O noticiário a toda hora se referia a isto. Chamou atenção Moro ter dito que Valeixo não pedira demissão e que telefonaram do Planalto para pedir a ele que aceitasse sua exoneração ser a pedido. Bolsonaro afirmou que foi ele quem telefonou, fato omitido por Moro. E a questão do Moro ter pedido a Bolsonaro pensão para sua família para aceitar ser Ministro, já que estava renunciando à magistratura? O que é isto? Pensões estão previstas em lei no sistema previdenciário e decorrem de contribuições ao longo do tempo. Ele pediu para criar uma pensão só para ele e para sua família? Quem pagaria: o Tesouro, as empreiteiras, os banqueiros? Coisa mais esquisita e safada! O Gov Flávio Dino indagou: foi aceito o pedido? 

Defender Bolsonaro é outra coisa difícil para a direita. Suas ações e atitudes são as mais desequilibradas, beirando a área da irresponsabilidade. Sem maiores escrúpulos, tudo leva a crer que Bolsonaro se preocupara mesmo com inquéritos que diziam respeito a si próprio ou a seus filhos. Sem limites, sem vida republicana, nunca viveu ambiente de prática política sadia, os assuntos pessoais se confundem com os da nação.

Que a direita embale seus mateus. Nós progressistas, nacionalistas, trabalhistas, patriotas de verdade vamos seguir em frente na nossa luta pelos direitos do nosso povo e pelos interesse do Brasil, como sempre fez o trabalhismo.


Vivaldo Barbosa é advogado, professor e ex-deputado federal, Doutor em Direito pela Universidade de Harvard.

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