O RECOMEÇO DE UM TRABALHISTA, VIVALDO BARBOSA

Trabalhismo em foco

Vivaldo Barbosa é um trabalhista histórico, um dos poucos destacados remanescentes fiéis do Brizolismo ainda vivos, possui doutorado em Direito pela Universidade de Havard, é advogado e professor universitário, no âmbito político foi secretário de justiça do governo Brizola no Rio e deputado federal pelo PDT, legenda criada sob a liderança do antigo caudilho gaúcho na volta do exílio, como membro da Assembléia Constituinte foi o segundo deputado federal que mais apresentou emendas durante os trabalhos 



Em 2013 saiu do PDT por não concordar com a atuação do ex-ministro Carlos Lupi à frente da sigla. O texto de despedida dizia que o “PDT é dirigido pela dupla Lupi e Manoel Dias, que, com a morte de Brizola, colocaram o livro de atas debaixo do braço e montaram estrutura de domínio do partido”. O ex-deputado teve a coragem de denunciar à época o esquema que, de cima para baixo, partindo do Ministério do Trabalho, aparelhava todo o partido através de Secretarias de Trabalho municipais, nas quais o PDT conseguia nomeações muitas vezes através de alianças espúrias com qualquer tipo de partido, e ONG’s especialistas em se aproveitar de verbas públicas:

“As verbas saem do Ministério, vão para as secretarias administradas por secretários indicados por eles e são direcionadas para ONGs ocupadas por gente a eles ligadas, que recebem e repartem as verbas. O mesmo grupo de deputados, secretários, seus assessores, os dirigentes amigos das ONGs, ocupam o Diretório Nacional do PDT, fonte originária de todo esse esquema de poder para aproveitamento de verbas públicas. Dos mais de trezentos integrantes que compõem o Diretório Nacional, (apenas) entre 10 e 20% são de militantes trabalhistas e nacionalistas autênticos e originais”.

E finaliza em sua carta de despedida: “O PDT não tem mais jeito. Não nos resta mais esperança de ver o partido voltar ao seu leito histórico de honradez e firmeza de princípios. Permaneceremos fiéis às lições de Brizola”.

Após três anos sem filiação política, em 2016, Barbosa parecia ter se reencontrado no PPL, Partido Pátria Livre, partido de viés nacionalista progressista, que, segundo seu estatuto, prega uma frente ampla popular em defesa da soberania nacional, porém o apoio do Partido Pátria Livre ao pré-candidato Anthony Garotinho (PRP), no entanto, fez com que essa corrente se desligasse da legenda. No fim do prazo para filiação partidária, Barbosa recebeu o convite de Romário para se filiar ao Podemos. Nacionalmente, o partido tem a pré-candidatura do senador Álvaro Dias à Presidência. O pré-candidato diz que as divergências de posicionamento com o parlamentar paranaense não são impeditivos para a convivência na legenda.

- Estávamos no PPL, tentando reconstruir um partido nacionalista. Eles resolveram apoiar o Garotinho, o que trouxe dificuldades. Brizolistas não aceitaram e nós saímos. Na véspera do último dia de prazo, o Romário me chama para ser senador, e me filiei ao Podemos. A minha linha política não coincide muito com a do Álvaro Dias e eu até coloquei isso desde o começo, que no plano nacional não sigo essa linha. Isso é uma coisa que procuro separar e que está pacificada no partido. A questão do Podemos, no Rio de Janeiro, está com o Romário. Depois da eleição, temos que avaliar o que sobrou da política partidária, recompor os cacos e reorganizar o país. Não dá para continuar com esse quadro que está aí - afirmou.

Na atual conjuntura crítica em que se encontra o cenário político brasileiro, Vivaldo afirma, em artigo escrito conjuntamente com João Vicente Goulart (filho do presidente Jango, deposto pelo golpe civil-militar de 64), que “o novo governo que se instalou com o afastamento da presidente Dilma Rouseff, anuncia que pretende aplicar o projeto neoliberal/conservador de maneira mais exacerbada e radical do que Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso”, antes da reforma da previdência ser aprovada já declarava que esta viria para “espoliar” os aposentados, além de prever futuros ataques a CLT e direitos trabalhistas em geral.

O combate de Vivaldo contra o neoliberalismo e o “entreguismo” não é novidade, em seu Verbete Biográfico, publicado pela FGV – Fundação Getúlio Vargas, é recordada a importante participação de Barbosa na luta contra o programa de privatização do governo federal, através da reeditada Frente Parlamentar Nacionalista, da qual foi secretário-geral. Ao contestar os processos de privatização das usinas siderúrgicas Usiminas e Acesita, ressaltou a ilegalidade dos editais por permitir a utilização de “moedas podres” (títulos da dívida externa) na compra de ações que, segundo Vivaldo, subavaliavam as empresas.

É exatamente em momentos como esse, de avanço do neoliberalismo, de ataques aos direitos trabalhistas e previdenciários, que precisamos de figuras experientes, idôneas e comprometidas com a classe trabalhadora como Vivaldo Barbosa, uma exceção a regra no meio desse ambiente imoral da política brasileira, dominada por calhordas da pior espécie, lesa-pátrias, dispostos a destruir o patrimônio público amesquinhando o Estado e a entregar as riquezas nacionais novamente ao capital estrangeiro.

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