Comerciantes do Rio criticam regulamentação de food bikes
A
instituição pelo Estado do Rio de Janeiro da Política Estadual de
Incentivo e Fomento à Comercialização de Alimentos em Veículos de
Propulsão Humana, tais como bicicletas, triciclos, carrocinhas e
similares, mais conhecidos como 'food
bike’,
em projeto sancionado pelo governador Luiz Fernando Pezão, já
provoca celeuma e revela as contradições neoliberais em seu
discurso do empreendedorismo tão em voga hoje no Brasil em tempos de
retirada de direitos sociais.
Em
um breve debate na manhã desta terça-feira (28) na CBN, “a rádio
que toca notícia neoliberal”, entre Renato Barbosa, presidente da
Associação Rio sobre Rodas (ARISOR) e Thiago Cesário Alvim,
presidente do Pólo Rio Antigo mostrou o dilema.
De
um lado a defesa daqueles pequenos empreendedores que trabalham com
suas bikes
na
venda de cervejas, refrigerante, salgadinhos, comida fitness e doces,
e de outro os comerciantes tradicionais que possuem estabelecimentos
e que alegam se sentirem ameaçados com essa possível concorrência
a qual consideram desleal, pois o comércio sobre rodas pagaria menos
impostos.
“Tentamos
implementar parcerias com o comércio local, trabalhando de alguma
forma com a segmentação de produtos, mapeando locais para não ser
uma concorrência direta. Mapeamos pontos em parques, praças e
jardins para tentar agregar valor ao comércio e ocupar devidamente o
espaço público. Além disso não podemos comparar a estrutura de um
food
bike
com a de uma loja física já estruturada” - explica Renato
Barbosa.
A
ARISOR foi criada por um grupo de empreendedores que juntos
encontraram dificuldades para trabalhar nas ruas do Rio de Janeiro
com suas respectivas food
bikes.
"Estão
achando que vão acabar com o desemprego entregando tudo à
informalidade"
Tiago
Cesário Alvim que é proprietário do Carioca da Gema, tradicional
casa da Lapa expressou sua contrariedade a regulamentação do
comércio sobre rodas no Estado do Rio. “Os comerciantes veem com
muita preocupação essa situação, pois estamos asfixiados com a
crise, com os impostos e taxas que são altíssimos, falta de
clientes e fiscalização. Os governantes do Rio de Janeiro,
município e estado, estão achando que vão acabar com o desemprego
entregando tudo à informalidade, isso é um erro pois está matando
quem paga tributos”- criticou.
O
fato é que em tempos de endeusamento do mercado como solução para
a crise o comércio carioca se mostra resistente aos chamados novos
tempos da mesma forma que ocorre no conflito entre os serviços de
transporte por carros feitos a partir de aplicativos como o Uber
que
concorrem com o serviço de táxi. É a chamada contradição entre a
velha e nova economia em tempos de precarização e perda de direitos
sociais.
Segundo
o presidente da ARISOR existem 30 food
bikes
cadastrados na associação que realizam um rodízio em pontos do Rio
de Janeiro a partir de áreas indicadas pela Prefeitura do Rio.
“Esse
comércio nas ruas vai se somar àqueles que vendem quentinhas,
bebidas até por máquinas de cartão de crédito e débito” -
disse o presidente do Pólo Rio Antigo esquecendo-se de uma peça
publicitária veiculada por um banco espanhol que diz que a nova
carteira de trabalho do brasileiro é uma máquina de débito e
crédito. Livre mercado feito por possíveis concorrentes é
inaceitável? Ora que contradição!
O
Pólo Rio Antigo é uma entidade criada
em 2005 que reúne empresários e profissionais das áreas de
cultura, lazer, gastronomia, turismo, comércio e serviço que atua
nas áreas que abrangem Cinelândia, Lapa, Rua do Lavradio, Praça
Tiradentes e Largo de São Francisco, agregando mais de 70
estabelecimentos, segundo informações disponibilizadas em seu site.
Com a regulamentação do projeto pelo
Estado do Rio de Janeiro agora os municípios fluminenses terão que
regulamentar a atividade e criar mecanismos de fiscalização.
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