RJ - Lava Jato diz que corrupção na saúde continua na gestão Pezão (PMDB)


Procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro dizem acreditar que o esquema de fraudes na saúde pública do Estado, revelado em 11/04/2017, e que levou à prisão o ex-secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, continua na gestão do governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB).





Hanrrikson de Andrade Do UOL, no Rio 11/04/2017

Côrtes comandou a pasta entre 2007 e 2013, durante o governo de Sérgio Cabral (PMDB), período em que é suspeito de ter cometido fraudes em licitações e se beneficiado mediante pagamento de propina. Os investigadores estimam que ao menos R$ 300 milhões tenham sido desviados entre 2007 e 2016 a partir de fraude em importações e superfaturamento de contratos.

De acordo com procuradores à frente das investigações, os contratos firmados naquela época ainda estão em vigor. Pezão assumiu o governo em 2014, após Cabral renunciar, e foi reeleito no mesmo ano.

Questionado se o esquema criminoso continua "em andamento dentro da Secretaria Estadual de Saúde", o procurador Eduardo El Hage, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Rio, disse apenas que "sim". Ainda sobre o assunto, o procurador Rodrigo Timóteo disse que há agentes públicos, contratos e prestadores de serviço, que estão na mira da PF.

"Sobre a questão da corrupção, temos ciência que os contratos [ainda estão em vigor], os medicamentos e equipamentos ainda estão sendo fornecidos. Temos certeza de quem a gente prendeu e quem a gente está oferecendo essas [medidas] cautelares. Mas sabemos que a contratação ainda existe. Suspeitamos e vamos continuar a investigação."

Segundo El Hage, as empresas que prestam serviço para o governo do Estado na área de saúde já estão sendo investigadas. Timóteo não revelou nomes, mas é certo que algumas pertencem a Miguel Iskin, também preso nesta terça sob suspeita de atuar em conjunto com Côrtes.


"A empresa de Miguel Iskin, a Oscar Iskin, e outras empresas de Miguel Iskin e [Gustavo] Estellita, como a Levfort, continuam contratando com o governo do Estado, com OSs (Organizações Sociais) do Estado e com o governo federal. Mais do que nunca, o fato está ocorrendo agora. A corrupção está ocorrendo agora." "Os contratos estão em vigência. Existe contratação e nós estamos prosseguindo com a investigação. Acreditamos que vamos identificar possíveis agentes públicos [que estejam no quadro atual da Sec retaria de Estado de Saúde], mas isso é uma continuidade da investigação", acrescentou Timóteo.

Também foi preso na manhã de 11/04, pela Polícia Federal, o empresário Gustavo Estellita, apontado como operador financeiro de Iskin. Os três (Côrtes, Iskin e Estellita) são os principais investigados na Operação Fratura Exposta, que apura a prática dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa na compra de próteses e equipamentos para unidades de saúde da rede estadual.

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